Faltam cinco meses para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016. Diferentemente de anos anteriores quando, neste período, já circulavam no País especulações sobre temas e questões com maior probabilidade de abordagem na prova a discussão fervilha, hoje, sobre o futuro da avaliação. A mudança na gestão educacional do País após o afastamento de Dilma Rousseff (PT) e a chegada de Mendonça Filho (DEM) ao Ministério da Educação (MEC) pode influenciar na estrutura e até mesmo na continuidade do Enem?
Em meio a dúvidas, professores que acompanham o exame projetam perfis para as provas. “Como o tema é elaborado por instituições envolvidas com o Governo (Federal), não acredito que vá ser polêmico”, afirma a professora de Redação dos colégios Master e Antares, Nelândia Teodoro. Segundo ela, a avaliação sempre atravessou conjunturas políticas efervescentes, mas manteve o costume de adotar, na proposta, assuntos atemporais.
Apesar da tendência, que não descarta estímulo ao acirramento de ideias, no ano passado os candidatos foram surpreendidos com uma questão na prova de Ciências Humanas que tomou como base texto da escritora francesa Simone de Beauvoir, conhecida como uma das precursoras do movimento feminista. E na prova de Redação foi proposta argumentação sobre violência contra a mulher. Para a nova edição, Nelândia prospecta assunto mais neutro, relacionado ao eixo científico ou ao de comunicações. “Regulação da mídia, meio ambiente”, exemplifica.
Também descartando polêmicas, mas apostando em temáticas sociais “leves”, o professor de Redação do colégio Darwin, Marcos Blaque, acredita que provavelmente, este ano, seja pensado tema com somente uma forma de interpretação. “Diminui notas zero e fortalece o posicionamento crítico”, confia.
Mônica Serafim, professora do Departamento de Língua Portuguesa/Letras Vernáculas da Universidade Federal do Ceará (UFC), defende, ao contrário, que a mudança de gestão do MEC, bem como do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que elabora o Enem, não deve interferir, politicamente, na avaliação. Tanto que, na contramão dos outros professores, ela arrisca “discussões relacionadas a honestidade. Não amplas, pelo cenário político, mas circunscritas”.
Fonte: Jornal do hoje