Instituições criticam prazo de duas semanas para apresentar proposta pedagógica e plano de investimentos para a implantação da faculdade
Aconteceu ontem, em Brasília, a audiência pública chamada pelo Ministério da Educação (MEC) para discutir o edital de chamamento a instituições privadas de ensino superior que tenham interesse em implantar cursos particulares de Medicina em Bauru, Jaú e outros 37 municípios selecionados pela União. A “pressa” do governo federal no processo que escolherá as empresas para tocar o projeto em cada cidade foi alvo de críticas.
Diretora das Faculdades Integradas de Bauru (FIB), Chiara Ranieri participou da reunião e discorda do prazo de 15 dias que seria concedido para que as instituições apresentassem a proposta pedagógica para o curso, bem como o plano de investimentos para os próximos seis anos.
“No cronograma apresentado, o edital seria publicado na próxima semana. A partir disso, o prazo começaria a contar para que as instituições fossem escolhidas em dezembro, o que é inviável. Não se faz um projeto sério para um curso de Medicina em duas semanas”, conta.
Segundo Chiara, seu entendimento é consensual ao das demais faculdades que participaram da audiência pública dessa quarta-feira. As empresas contaram, inclusive, com o respaldo de entidades representativas do setor. A diretora da FIB acredita que as instituições precisariam de três meses para se planejarem e apresentarem suas propostas.
“O MEC se comprometeu a rever isso, até porque as nossas contrapartidas ao Sistema Único de Saúde (SUS) têm que estar vinculadas com os investimentos necessários na rede municipal, apontados pela prefeitura. Ainda não tivemos acesso a isso”, explica Ranieri.
Secretário municipal de Saúde, Fernando Monti concorda com Chiara quanto à inviabilidade na elaboração de projetos e planos por parte das instituições privadas de ensino em duas semanas.
Em portaria do dia 25 de agosto, o MEC definiu as contrapartidas que devem ser oferecidas pelas instituições: formação para os profissionais da rede de atenção à saúde; construção ou reforma da estrutura de serviços de saúde e aquisição de equipamentos para a rede de atenção à saúde; pagamento de bolsas de residência médica em programas de medicina de família e comunidade e, no mínimo, dois outros em áreas prioritárias – clínica médica, pediatria, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia.
Mais Médicos
Os cursos anunciados ontem pelo MEC estão ligados ao programa Mais Médicos, visando o aumento do número de profissionais. O projeto contempla cidades com mais de 70 mil habitantes e começou em outubro do ano passado, quando 205 municípios manifestaram interesse. Desses, 154 enviaram a documentação necessária e 49 foram pré-selecionados, com 39 na lista final.
Instituições interessadas
Seis instituições de ensino superior manifestaram interesse em abrigar o curso em Bauru. Porém, qualquer outra poderá aderir ao edital de chamamento público. Das seis que já haviam procurado o município antes da divulgação da seleção oficial do MEC, apenas uma é bauruense: as Faculdades Integradas de Bauru (FIB).
Outras três faculdades de fora, mas que possuem câmpus em Bauru, também têm interesse: a Universidade Paulista (Unip), a Faculdade Anhanguera e a Uniesp. As duas instituições interessadas sem atividade na cidade atualmente são a Universidade de Marília (Unimar) e a Faculdade do Litoral Sul Paulista (Fals).
Quando
MEC previa concluir o processo de escolha das instituições que implantarão os cursos de medicina até dezembro. O cronograma, no entanto, deve ser alterado após a sinalização do descontentamento das faculdades com o curto prazo proposto para a apresentação de proposta pedagógica e plano de investimentos.
Fonte: JCnet