Neste mês de setembro, desde o ano de 1971, a Igreja no Brasil promove o mês de estudos da Bíblia. O texto base deste ano é a Primeira Carta aos Tessalonicenses, o primeiro texto do Novo Testamento, escrito no ano 51, pelas mãos de Paulo, Silvano e Timóteo. Esta carta revela uma grande ternura e zelo pastorais, retratando um período de muitas perseguições, dificuldades e martírios das primeiras comunidades cristãs. Este texto serviu para animar as comunidades, sustentar sua fé e tornou-se o núcleo central do Segundo Testamento.
Na oportunidade, o Mês da Bíblia quer nos motivar a uma leitura contextualizada da Palavra de Deus, que seja capaz de inspirar a catequese, a liturgia, a iniciação à vida cristã, a ação social e a implantar a animação bíblica de toda a pastoral.
O Mês da Bíblia de 2017quer estar em sintonia com os seguintes acontecimentos eclesiais e sociais:
1- O Documento de Aparecida, que comemora seus 10 anos de recepção criativa pelas comunidades de nosso Continente,
2- A celebração dos 300 anos do encontro da imagem de Aparecida,
3- Os 500 anos da Reforma protestante,
4- O 14º Intereclesial de CEBs, a realizar-se nos dias 23 a 27 de janeiro de 2018, em Londrina- PR, cujo tema é sobre os desafios da missão no mundo urbano,
5- Os 100 anos de nascimento do Bem Aventurado Oscar Romero,
6- O contexto eclesial do Papa Francisco, com as diretrizes de conversão e renovação eclesial expressas em Evangelho da Alegria, Laudato Si – o cuidado com a casa comum – e a Alegria do Amor,
7- Os documentos da CNBB sobre o laicato (Doc. 105) e a Iniciação à vida Cristã (Doc. 107) e
8- O Brasil, golpeado por um grupo de tecnocratas, que está conduzindo a sociedade brasileira a um retrocesso nas conquistas sociais e civis à década de 1920, bem próximo ao regime de escravidão.
Considerando este cenário, a proposta de tema e lema é muito sugestiva e oportuna.
Tema: Anunciar o Evangelho e doar a própria vida (cf. 1Ts 2,8)
Lema: Para que n’Ele nossos povos tenham vida
Para reanimar a vida de nossas comunidades, as reflexões sobre a figura do Apostolo Paulo terão uma importância inigualável, pois tudo em Paulo produz fascínio: o evento de Damasco, o amor apaixonado por Jesus e o desejo ardente de viver nele e para ele, o caminho indefeso pelo mundo, tangido e consumido pela caridade, a incansável e febril paixão pelo Reino de Deus, a criação de comunidades, o ímpeto de sua ternura pela humanidade, sobretudo os excluídos e marginalizados.
Com espanto e assombro o vemos açoitado, surrado, náufrago, abandonado pelos amigos, humilhado e, por fim, prisioneiro em Roma, pálido, doente e abatido, levado a um vale solitário, o Aquae Salviae, hoje Tre Fontane. Seu corpo é açoitado pela última vez, inclina a cabeça à espera da espada e realiza o último desejo de sua vida: estar com seu Senhor e Mestre Jesus Cristo, pela redenção da humanidade. A correspondência testemunhal entre Paulo e Jesus é significativa: o Apóstolo assume em sua própria carne o que faltou às tribulações de Jesus Cristo.
Estas foram suas últimas palavras que são um verdadeiro testamento:
“Precisamos passar por muitos sofrimentos para poder entrar no Reino de Deus” (At 14,22)
“E agora vos recomendo a Deus e à mensagem da sua graça. Ele vos pode edificar, garantindo para vós parte na herança de todos os que foram santificados” ( At 20,32)
“E agora, Senhor, considera as suas ameaças e concede aos teus servos anunciar com toda franqueza a tua Palavra” (At 4,29)
“Nós nos recomendamos em tudo como ministros de Deus; em grande perseverança, nos sofrimentos, nas necessidades, nas angústias, sendo chicoteados, presos, envolvidos em tumultos, nas fadigas, nas noites em claro, nos jejuns; pela pureza, pela ciência, pela grandeza de ânimo, pela bondade, pelo Espírito Santo, pela caridade sem fingimento, pela palavra da verdade, pelo poder de Deus, com armas ofensivas e defensivas da justiça, na honra e na vergonha, na infâmia e na boa fama. E embora sejamos tidos como impostores, falamos a verdade; como desconhecidos, mas somos bem conhecidos; como agonizantes, mas estamos vivos; como castigados, mas estamos sempre alegres; mendigos, e enriquecemos a muitos; gente pobre, mas possuímos tudo” (2 Cor 6,4-10).
“Temos falado convosco com toda a franqueza. O nosso coração está bem perto de vós” (2 Cor 6,11).
“A Ele que é poderoso para vos confirmar de acordo com o Evangelho que anuncio, ao pregar Jesus Cristo conforme a revelação do mistério que esteve escondido desde a eternidade, mas que agora tem sido revelado, e pelas Escrituras dos profetas e por disposição do eterno Deus, foi dado a conhecer a todos os pagãos para os conduzir à obediência da fé, a ele, único e sábio Deus, seja dada glória por Jesus Cristo, pelos séculos dos séculos! Amém” ( Rm 16,25-27)
Fonte: Pe Nelito Dornelas, pároco da Paróquia São João XXIII, em Governador Valadares (MG), e assessor das pastorais sociais do Regional Leste II da CNBB.