A instalação de equipamentos cedidos pelo governo brasileiro para garantir a produção de alimentos com controle de qualidade e em maior quantidade em uma escola agrícola no Benim, país localizado no Oeste da África, pode mudar a realidade local. A ação faz parte de acordo firmado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (Setec) com o governo do país africano, intermediado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
Na última semana, foram instalados três equipamentos a vapor: caldeira, autoclave e tacho de cozimento. Eles se juntaram a diversos outros, como mesa de lavagem de frutas, freezers, desidratador para frutas e hortaliças e liquidificador industrial, entre outros. A partir de agora, com a incubadora de cooperativas apta para funcionar, a produção que era realizada de forma amadora tem todo o potencial para se profissionalizar.
Professores do Instituto Federal de Brasília (IFB) e da Bahia (IFBA) foram ao Colégio Agrícola Médji de Sékou (Lams), instituição de formação agrícola situada a 45 km de Cotonou, sede do governo e maior cidade do Benim, instalaram os equipamentos e ensinaram alunos e professores a melhor forma de utilização. No total, foram 30 tipos de equipamentos oferecidos pela ABC ao custo total R$ 132.666,06.
A professora Eliane Molica, do IFB, que foi ao colégio na última semana fazer a capacitação para o uso das máquinas, explicou que o uso de equipamentos a vapor é importante por utilizar a lenha, combustível bastante comum no Benim.
“Eles terão acesso a novas tecnologias, com produtos mais seguros, com controle de qualidade muito maior do que têm atualmente”, observou a professora. “Além disso, vão poder processar os produtos de forma que fiquem sempre com o mesmo sabor, fator importante para a comercialização dos doces, compotas, molhos e conservas que já são preparados no local. Agora depende do empenho dos professores e estudantes de lá para colocar em prática”, observa a professora.
Colégio – O Colégio Agrícola Médji atende a cerca de 1.500 alunos – sendo 30% mulheres – e conta com mais de 100 professores. Lá são oferecidas formações na área agrícola, como produção vegetal e animal, transformação alimentar, reflorestamento, pesca e tratamento de solo. Os cursos têm em média quatro anos de duração. A formação é complementada com estágios de um mês ao longo de cada ano em empresas agrícolas. Para os estudantes do último ano, a duração do estágio é de quatro meses.
O colégio foi criado em 1961 com o objetivo de formar mecânicos de tratores. No ano seguinte, passou a oferecer também formação agrícola. Mas foi somente a partir de 1970 que se tornou prioritariamente uma instituição agrícola. A estrutura do colégio, contudo, conta com apenas 10 computadores para atender a todos os estudantes e não há conexão com a internet. Possui ainda seis laboratórios e uma unidade de processamento de alimentos.
Capacitação – O projeto Fortalecimento Institucional da Educação Profissional e Tecnológica do Benim nas Áreas de Agroecologia e Cooperativismo, de que o MEC participa desde 2005, tem como objetivo a capacitação e especialização dos professores de educação profissional de Benim. As principais áreas contempladas são cooperativismo e empreendedorismo.
Para a secretária de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Eline Nascimento, que acompanhou na semana passada as atividades do projeto, os principais objetivos dessa cooperação são “os investimentos na capacitação técnica dos professores beninenses, tornando-os multiplicadores dos conhecimentos adquiridos, e o provimento de estrutura necessária à aprendizagem do aluno, como ferramentas agrícolas e equipamentos técnicos”. Para ela, com esses objetivos alcançados, o país poderá aumentar seu êxito na inserção dos egressos no mundo do trabalho.
País – Benim, país da região ocidental da África, tem cerca de 9 milhões de habitantes e possui 40% do seu Produto Interno Bruto (PIB) originário do setor agrícola, responsável por metade do crescimento anual. Mais de 70% da população vive essencialmente na zona rural, fazendo com que o governo busque um potencial ainda maior de exploração, aliado ao conhecimento e à organização coletiva. Para isso surgiu o projeto, que diagnosticou e identificou as principais demandas e áreas de atuação a serem fortalecidas.
Além do MEC e do IFB, estão envolvidos nessa cooperação o Ministério das Relações Exteriores, os institutos federais da Bahia (IFBA) e Acre (Ifac), o Colégio Agrícola Médji de Sékou (Lams) e o Ministério do Ensino Secundário e da Formação Técnica Profissional de Benim.
Fonte: MEC