A SABEDORIA E A DEFESA DA VIDA
Nilson Izaias Pegorini [1]
- A importância da Palavra de Deus em nossas vidas
Para o educador cristão e católico a Palavra de Deus deve ser “lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” (Sl 119,105). Sim, porque esta Palavra “tem o poder de comunicar a sabedoria que conduz à salvação pela fé em Jesus Cristo […] é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para refutar, para corrigir, para educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, preparado para toda boa obra” (2 Tm 3,15-17). Iluminado e sustentado por esta Palavra o educador cristão e católico será capaz de caminhar, como o Profeta Elias, quarenta dias e quarenta noites, ou seja, um longo percurso ou sempre (cf 1Re 19,8).
2 Histórico do Mês da Bíblia
A partir dos novos ares que o Concílio Vaticano II (11/10/1962 a 08/12/1965) proporcionou, a Igreja Católica encontrou na Bíblia uma de suas principais fontes de renovação. Em um de seus documentos, a Dei Verbum (Constituição dogmática sobre a Divina Revelação), o Concílio orientou a Igreja a colocar a Bíblia no centro de sua atuação pastoral, catequética e litúrgica, como “regra suprema de sua fé”.
No Brasil surgiram inúmeras iniciativas de fomentar o estudo da Bíblia nas comunidades, com os leigos, através de cursos, de círculos bíblicos, de semanas bíblias e, em especial, o Mês da Bíblia, que iniciou em 1971, em Belo Horizonte. A partir de então, cada ano, no mês de setembro, a CNBB sugere um texto bíblico ou um livro da Bíblia para ser estudado durante o mês, dando continuidade à temática da Campanha da Fraternidade. Para isso são oferecidos vários subsídios de estudos e trabalhos, como demonstraremos ao final deste artigo.
Desde 1971 até hoje temos a seguinte relação de temáticas e livros estudados no Mês da Bíblia:
1971 – Bíblia, Jesus Cristo está aqui;
1972 – Deus acredita em você;
1973 – Deus continua acreditando em você;
1974 – Bíblia, muito mais nova do que você pensa;
1975 – Bíblia, palavra nossa de cada dia;
1976 – Bíblia, Deus caminhando com a gente;
1977 – Com a Bíblia em nosso lar, nossa vida vai mudar;
1978 – Como encontrar justiça e paz? O livro de Amós;
1979 – Bíblia, o livro da criação – Gn 1-11;
1980 – Buscamos uma nova terra – História de José do Egito;
1981 – Que todos tenham vida! – Carta aberta de Tiago;
1982 – Que sabedoria é esta? – As Parábolas;
1983 – Esperança de um povo que luta – O apocalipse de São João;
1984 – O caminho pela Palavra – Os atos dos Apóstolos;
1985 – Rute, uma história da Bíblia – Livro de Rute;
1986 – Bíblia, livro da Aliança – Êxodo 19-24;
1987 – Homem de Deus, homem do povo – profeta Elias;
1988 – Salmos, a oração do povo que luta – O livro dos Salmos;
1989 – Jesus: palavra e pão – Evangelho de João, cap 6;
1990 – Mulheres celebrando a libertação;
1991 – Paulo, trabalhador e evangelizador – Vida e viagens de Paulo;
1992 – Jeremias, profeta desde jovem – Livro de Jeremias;
1993 – A força do povo peregrino sem lar, sem terra – 1ª Carta de Pedro;
1994 – Cântico: uma poesia de amor – Cântico dos Cânticos;
1995 – Com Jesus na contramão – o Evangelho de Marcos;
1996 – Jó, o povo sofredor – Livro de Jó;
1997 – Curso Bíblico Popular – Evangelho de Marcos;
1998 – Curso Bíblico Popular – Evangelho de Lucas;
1999 – Curso Bíblico Popular – Evangelho de Mateus;
2000 – Curso Bíblico Evangelho segundo João: luz para as Comunidades;
2001 – Curso Bíblico Atos dos Apóstolos, capítulos de 1 a 15;
2002 – Curso Bíblico Atos dos Apóstolos, capítulos 16 a 28;
2003 – Curso Bíblico Popular – Cartas de Pedro;
2004 – Curso Bíblico Popular – Oséias e Mateus;
2005 – Curso Bíblico Popular – Uma releitura do II e III Isaías;
2006 – Come teu pão com alegria – Eclesiastes;
2007 – Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom – Gênesis;
2008 – A Caridade sustenta a Comunidade – Primeira Carta aos Coríntios;
2009 – A alegria de servir no amor e na gratuidade – Carta aos Filipenses;
2010 – Levanta-te e vai à grande cidade – Introdução ao estudo do profeta Jonas;
2011 – Travessia: passo a passo, o caminho se faz (Ex 15,22-18,27) com o lema “Aproximai-vos do Senhor” (Ex 16,9);
2012 – Discípulos missionários a partir do evangelho de Marcos;
2013 – Discípulos missionários a partir do Evangelho de Lucas – Lema: Alegrai-vos comigo, encontrei o que estava perdido (Lc 15);
2014 – Discípulos missionários a partir do Evangelho de Mateus – Lema: Ide, ensinai e fazei discípulos (cf. Mt 28,18-19);
2015 – Discípulos e Missionários a partir do Evangelho de João. – Lema: Permanecei no meu amor para dar muitos frutos. (Cf. Jo 15,8-9);
2016 – Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Livro de Miquéias;
2017 – Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira carta aos Tessalonicenses;
2018 – Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Livro da Sabedoria;
2019 – Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Primeira Carta de João.
- Continuidade com o tema da CF
A Campanha da Fraternidade, apesar de ter ênfase maior e de destaque durante a quaresma, ela se estende para o ano inteiro, até porque muitos projetos só iniciaram no início do ano motivados por aquela temática, mas se prolongam ao longo do ano e até após seu percurso. O Mês da Bíblia é mais uma forma dessa continuidade, com a mesma temática da defesa e promoção da vida.
- O método de Jesus: ver, julgar, agir (Lc.24,13-35 – Os Discípulos de Emaús).
O método ver, julgar e agir, sempre adotado e mantido pela CNBB para a Campanha da Fraternidade, foi também, e primeiro, o método de Jesus, e deve ser o nosso método para a leitura, estudo, meditação e aplicação da Palavra de Deus.
1º Ver – versículos 13 a 24 – Foi a primeira coisa que Jesus fez: aproximou-se dos discípulos na figura de um simples forasteiro, colocou-se no meio deles, perguntou do que conversavam e insistiu outra vez, viu sua tristeza, escutou seus problemas, suas frustrações, seu desânimo, seus equívocos.
2º Julgar – versículos 25 a 27 – Para iluminar aquela triste realidade o “forasteiro” utiliza a Palavra de Deus, do AT, e os admoestou: “Como vocês custam para entender, e como demoram para acreditar em tudo o que os profetas falaram! Será que o Messias não devia sofrer tudo isso, para entrar na sua glória? Então, começando por Moisés e continuando por todos os Profetas, Jesus explicava para os discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.” Mais tarde os discípulos comentam que quando Jesus lhes falava pelo caminho (Ver) e lhes explicava as Escrituras (Julgar), seus corações ardiam. Porém, seus olhos estavam ainda tapados e não conseguiam reconhecer naquele “forasteiro” a pessoa de Jesus vivo e ressuscitado. Era ainda preciso um terceiro e fundamental passo.
3º Agir – versículos 28 a 35 – Quando chegaram na Vila de Emaús o “forasteiro” fez de conta que continuaria adiante e os discípulos o convidam a ficar com eles. Significa que o falar da Vida (Ver) e da Bíblia (Julgar) os fez próximos ao ponto de juntos cearem. E ali, “ao partir o pão”, seus olhos se abriram e reconheceram naquele peregrino a pessoa de Jesus viva e presente, que naquele momento desapareceu diante deles. E para onde Ele teria ido? Ele foi para dentro deles, como acontece quando participamos da Eucaristia. Eles fizeram naquele momento a verdadeira experiência da ressurreição e, então, tiveram coragem de voltar a Jerusalém de noite, de onde com medo partiram de dia, e anunciaram Jesus vivo e ressuscitado.
Assim, quando lemos a Bíblia a partir da Realidade que nos circunda, em Comunidade de Fé e Partilha, Deus se faz vivo e presente em nós e nos impulsiona a evangelizarmos, ou seja, a impregnarmos a realidade com seu Espírito e sua Vontade.
- Introdução ao Livro da Sabedoria
O Livro da Sabedoria foi o último escrito do Antigo Testamente, em torno do ano 50 a.C., em Alexandria do Egito. Escrito em grego, fora de Israel, considerado como deuterocanônico (segunda lista de livros autênticos/inspirados), razão pela qual não configura na lista mais antiga dos livros inspirados, escritos em hebraico. Por esta razão ele não consta nas bíblias evangélicas. Alexandria na época tinha uma população de 500 mil habitantes, sendo 200 mil judeus, advindos de várias diásporas buscando sobrevivência. Era o mais importante centro cultural do Mediterrâneo, sob o domínio do Império Greco-romano, que proporcionava ao mundo da época uma espécie de globalização com ideais filosóficos, culturais, sociais e econômicos aos quais todos deveriam aderir.
Os judeus que ali vivam não podiam participar plenamente da vida política, social e cultural, caso não abdicassem de sua identidade judaica. Cultura, filosofias, costumes greco-romanos, hostilidades e perseguições, eram ameaças à fé e identidade judaica. Muitos preferiam abandonar tudo para não viver marginalizados, conformando-se à sociedade idólatra e injusta, embora fascinante pela sua cultura.
O desafio que o autor do livro da Sabedoria propõe é manter o povo dominado fiel à sua fé e tradição judaica, resistindo ao modo greco-romano de ser. É fortalecer a identidade de seus companheiros judeus, mostrando-lhes a grandeza da sabedoria de Deus, animando sua fé e esperança. E mais, mostrar que a grande e maior contribuição de Israel às nações é a SABEDORIA que acumulou ao longo da sua história. E que esta Sabedoria se traduz em senso de justiça, que conduz à liberdade e à vida plena, como aconteceu no antigo Egito, superando a escravidão e morte, gerando uma sociedade nova e alternativa, justa e igualitária, verdadeira expressão do Projeto de Deus.
O autor mostra que a sabedoria que vem de Deus produz a justiça e se opõe à idolatria que produz a injustiça, a desigualdade e a morte. Foi essa sabedoria divina que conduziu o povo ao longo da sua história.
Resumo do livro: “A justiça é imortal” (1,15). Ou seja, a sabedoria é sinônimo de justiça e conduz à vida imortal. Portanto, a sabedoria dá sentido à vida, produz a justiça e conduz à vida e libertação.
O autor quer mostrar aos dominados pelo sistema do Império Greco-romano que a solução não é entregar-se e submeter-se de corpo e espírito ao dominador, mas aderir à sabedoria da justiça, que conduz à resistência e luta para que todos tenham vida. O livro poderia ser chamado de Livro da Justiça, uma verdadeira teologia política, carregada de fé, espiritualidade e compromisso.
E hoje? Não somente uma grande nação, mas o MERCADO submete o mundo inteiro e todos os povos aos seus interesses. Diante disso só a Sabedoria, o discernimento, o senso e a prática da justiça pode conduzir e garantir a vida e a liberdade para o povo, em especial aqueles menos favorecidos.
- O Livro da Sabedoria: aprofundamento
Autor e Destinatários:
O título original do livro, em língua grega, é “Sabedoria de Salomão”. Na tradição judaica o Rei Salomão era considerado patrono da sabedoria. Assim, o próprio livro teria maior status e credibilidade. O autor é desconhecido, mas demonstra ser conhecedor da literatura bíblica e da tradição judaica citando Gênesis, Êxodo, 1 Reis, 2 Crônicas e Isaias. Possui domínio da língua, da filosofia e dos costumes gregos. É defensor da fé e da identidade cultural do povo judaico. Possivelmente um membro da comunidade da diáspora judaica em Alexandria.
O livro é dirigido aos judeus que renunciaram ou estão prestes a renunciar à religião judaica, temerosos de perder seu status social e econômico. Em contraposição ao helenismo materialista e idólatra o autor apresenta a verdadeira sabedoria como fonte da justiça, liberdade e vida para o povo. Os principais alvos de crítica são os governantes gregos e romanos, os sábios gregos e o Imperador com sua ideologia da Pax Romana.
Divisão do Livro:
O livro pode ser dividido em três grandes partes, assim:
Primeira Parte: 1,1-6,21 – Amar a Sabedoria/Justiça e rejeitar as estruturas de morte.
Esta primeira parte é a mais substancial de todo o livro, onde o autor coloca os fundamentos da sabedoria-justiça, advertindo a todos sobre sua prática, mas em especial os governantes do povo, porque do seu exercício da justiça depende a vida, a liberdade e a felicidade do povo. Já no primeiro versículo o autor coloca a advertência: “Amem a justiça, vocês que governam a terra”. Eles devem dar o exemplo ao povo. E continua: “A sabedoria não entra na alma que pratica o mal, nem habita num corpo que é escravo do pecado. O espírito santo, que educa, foge da fraude, afasta-se dos pensamentos insensatos, e é expulso quando sobrevém a injustiça” (1,4-5). Vale para o governante e para o cidadão: o mal e a fraude são inimigos da sabedoria/justiça e de Deus. O governante tem o dever de defender o povo contra seus inimigos e garantir a prática da justiça e do direito.
A plenitude da vida e a imortalidade está na condição de se praticar a justiça e o direito. Ao injusto, astulto e perverso a sorte é a morte, a finitude e o vazio de uma vida sem sentido, sem valor, que não será lembrada na posteridade. Lembra bem o Salmo 1 que compara o justo com a árvore junto ao córrego, que produz bela folhagem e frutos, enquanto o injusto é palha seca que o vento carrega.
O capítulo 2 faz um retrato do injusto/perverso/mau. Para ele a vida é breve, como vento e fumaça, sem perspectiva de eternidade. Por isso tem que ser usufruída no prazer, na luxúria, valendo-se da exploração do pobre inocente, da viúva e do ancião, para ele considerados inúteis, objeto de desprezo. Para ele a justiça se traduz em força. O justo é para ele ameaça; por isso tem que ser combatido sem piedade, com insulto, tortura e morte. E ainda coloca a sorte do injusto como total ruína e objeto de desprezo. Daí a crítica do autor e da Sabedoria. “É infeliz quem despreza a sabedoria e a disciplina. Sua esperança é vazia, suas fadigas não produzem fruto, e suas obras são inúteis. Suas mulheres são insensatas, seus filhos depravados, e sua descendência é maldita”; “Se morrerem cedo, não terão esperança nenhuma, nem consolação no dia do julgamento, porque é terrível o fim de uma geração perversa” (2,11-12.18-19).
Nos capítulos 3 e 4 continua descrevendo, em contraposição, a sorte feliz e fecunda dos justos e o julgamento terrível e destino tenebroso dos injustos. Uma linguagem quase apocalíptica onde os fiéis e justos são coroados e glorificados e os infiéis e injustos destruídos. Uma bela imagem do justo é que ele se torna espelho para o injusto no julgamento, na hora que caem suas máscaras. Esse julgamento não se refere somente ao pós morte, mas também no percurso da história, na vida cotidiana. No capítulo 5 o injusto tarde demais reconhece seu pecado e ruína, enquanto exalta a sorte do justo na comunhão, glória e esplendor junto de Deus. Descreve Deus com traços de implacável combatente, guerreiro (couraça, capacete, escudo, espada, flechas, funda e pedras) defendendo e protegendo os justos inocentes e dando-lhes a coroa da vitória. Até a criação e o universo combaterão os insensatos (5,17).
Termina esta primeira parte renovando o apelo aos governantes exortando-os que o poder que exercem provém de Deus e deve se adequar à sua vontade e seu projeto, advertindo-os do severo julgamento que pesa sobre eles pelo mau exercício da governança. Para o bom governo o ponto de partida é o humilde desejo da sabedoria, de buscá-la cotidianamente.
2ª parte: 6,22-9,18 – Origem, natureza e meios para adquirir a Sabedoria/Justiça.
Nesta parte o autor destaca que a Sabedoria/Justiça é construída na vida cotidiano pelas pessoas que cultivam a virtude da humildade, buscam-na cotidianamente e a compartilham na prática de suas vidas. Sabedoria que não se confunde com erudição, mas da condição da pessoa que conforma sua vida ao ser e desígnio de Deus e seu Projeto. O autor faz bela e extensa descrição da sabedoria e suas qualidades, como a expressão do próprio Deus criador que a infunde em todas as suas criaturas, especialmente o ser humano feito à sua imagem e semelhança.
No capítulo 8 o autor coloca a apreensão da sabedoria como condição para entendimento e prática do Projeto de Deus. “Se alguém ama a justiça, as virtudes são os seus frutos, pois é ela quem ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza, que são na vida os bens mais úteis aos homens” (8,7).
E encerra as longas advertências aos governantes com a bela oração atribuída a Salomão que não pede riqueza e poder, mas a sabedoria (9,1-12): “Deus dos pais e Senhor de misericórdia, tudo criaste com a tua palavra! Com a tua sabedoria formaste o homem para dominar as criaturas que fizeste, para governar o mundo com santidade e justiça, e exercer o julgamento com retidão de alma. Concede-me a sabedoria, que está entronizada ao teu lado, e não me excluas do número de teus filhos. Eu sou teu servo, filho de tua serva, homem fraco e de vida breve, incapaz de compreender a justiça e as leis. Mesmo que alguém fosse o mais perfeito dos homens, se lhe faltasse a sabedoria que provém de ti, ele de nada valeria. Tu me escolheste como rei do teu povo e juiz dos teus filhos e filhas. Tu me mandaste construir um templo sobre o teu santo monte, um altar na cidade onde fixaste a tua tenda, cópia da tenda santa que tinhas preparado desde o princípio. Contigo está a sabedoria, que conhece as tuas obras e que estava presente quando criaste o mundo. Ela sabe o que é agradável aos teus olhos e o que é conforme aos teus mandamentos. Manda a sabedoria desde o céu santo e a envia desde o teu trono glorioso, para que ela me acompanhe e participe dos meus trabalhos, e me ensine o que é agradável a ti. Porque ela tudo sabe e tudo compreende. Ela me guiará prudentemente em minhas ações e me protegerá com a glória dela. Assim, as minhas obras serão agradáveis a ti, eu poderei governar com justiça o teu povo, e serei digno do trono de meu pai”.
3ª parte: 10,1-19,22: Ação da Sabedoria/Justiça na Caminhada do Povo
Aqui o autor faz como que uma releitura da história, desde a Criação até o Êxodo do Egito, com o propósito de mostrar que o atual Egito, sob o domínio Greco-Romano, necessita uma nova libertação. Trata-se de uma bela releitura da história, ao final do Antigo Testamento, reafirmando o Êxodo como o evento principal e fundante do povo, o evento típico, ou seja, modelo a ser realizado em qualquer época e lugar.
- Luzes para nosso tempo – atualização.
- Educar para o senso da justiça.
Nossa educação católica deve ser sim de excelência acadêmica, preparando o cidadão para o mundo do trabalho e sua carreira profissional. Mas antes e acima de tudo deve garantir a formação humana, cidadã e ética para sua harmoniosa convivência social e sua liderança na família e na sociedade para a construção de um mundo mais justo, habitável, solidário e fraterno.
- Manter fé e tradição cristã em meio à adversidade cultural e social.
A grande maioria de nossos alunos são provenientes de famílias com herança e tradição cristã e católica. Importante que isso seja mantido e preservado não somente no gestual litúrgico e doutrinal, mas principalmente nos valores e princípios fundamentais dessa fé e tradição. Isso se traduz na vida prática em comportamento e atitude ético humanística.
- Atitude crítico-profética em relação aos governantes.
A herança bíblica profética do Antigo Testamento e, principalmente, de Jesus e da Igreja Primitiva precisa ser cultivada em nossa prática educativa, agregada à contribuição específica do carisma próprio de cada instituição. Nossos educandos, ao conviverem no seu percurso formativo com essa vivência, irão incorporando em seus corações e mentes essa atitude e postura. Serão cidadãos que atuarão com liderança e criticidade, construindo uma nova sociedade mais compatível com a proposta do Reino de Deus.
SUBSÍDIOS PARA ESTUDO:
CNBB. Mês da bíblia 2018: para que n’Ele nossos povos tenham vida. Brasília: CNBB, 2018.
MOREIRA, Gilvander Luís (org.). Livro da Sabedoria: Chave de Ouro, encerrando a 1ª Aliança: uma Leitura do Livro da Sabedoria feita pelo CEBI – MG. Minas Gerais: CEBI, 2018.
NAKANOSE, Shigeyuki; MARQUES, Maria Antônia. “A Sabedoria é um espírito amigo do ser humano” (Sb1,6): caminho para a justiça e a vida: entendendo o livro da Sabedoria. São Paulo: Paulus, 2018.
PIA SOCIEDADE DE SÃO PAULO. Deus caminhando com a Bíblia Gente: semanário para círculos bíblicos. Disponível em < https://www.paulus.com.br/portal/wp-content/uploads/2018/07/biblia-gente-2018.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2018.
SERVIÇO DE ANIMAÇÃO BIBLICA – SAB. Mês da Bíblia 2018: para que n’Ele nossos povos tenham vida: livro da Sabedoria. São Paulo: Paulinas, 2018.
STORNIOLO, Ivo. Como ler o Livro da Sabedoria: a Sabedoria de Israel é o senso da justiça. 4. ed. São Paulo: Paulus, 2008.
[1] Graduação em Filosofia pela Universidade Católica do Paraná e Teologia, pelo Sthudium Theologicum, de Curitiba/PR, com especialização em Sagrada Escritura pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo/SP.