A próxima edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica ) contará com notas de todas as escolas de ensino médio do país, incluindo públicas e particulares. Atualmente, o ensino médio não tem notas por escola. Só há um índice geral da etapa, por amostragem. O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do Ministério da Educação, anunciou pelas redes sociais nesta quintafeira (23) que a avaliação de português e matemática –feita até hoje apenas por uma amostra de escolas– será ampliada para todas as escolas.
Todos os alunos do 3º ano do ensino médio deverão fazer a avaliação federal neste ano. Dessa forma, será possível ter um Ideb de cada unidade, como já ocorre nos anos iniciais e finais do ensino fundamental. Ainda não há definição oficial, mas a Folha apurou que o Ideb do ensino médio deve substituir a divulgação dos resultados por escola do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Para Reynaldo Fernandes, professor da USP e presidente do Inep quando o Ideb foi criado, em 2007, a decisão é positiva. “Com uma prova universal no ensino médio, as escolas vão ganhar [recebendo os dado]”, diz. Fernandes conta que, na época da criação do Ideb, a aposta do MEC era que o Enem cumprisse o papel de oferecer dados sobre as escolas, embora nunca tenha sido descartado ampliar a Prova Brasil para essa etapa. “Mas acho que o Enem, com os desafios logísticos, acabou tomando a discussão dentro do Inep”, diz. A divulgação de dados do Enem por escola causaram críticas de especialistas porque o exame não tem a função de avaliar a unidade. Além disso, os critérios de divulgação das médias por escola deixam um grande percentual de unidades sem informações.
Na última edição do Ideb, 60% das escolas públicas brasileiras ficam fora da lista do Enem. Só têm a média divulgada escolas em que ao menos metade dos alunos fizeram o Enem têm suas notas divulgadas. Também é necessário um mínimo de dez alunos participantes. O professor Francisco Soares, também expresidente do Inep, acredita que o Enem seria capaz de oferecer um bom retrato das escolas. “Seria ainda mais interessante que mais escolas particulares do ensino fundamental participassem da Prova Brasil”, diz ele.
A mudança ocorre após o governo Michel Temer (PMDB) conseguir aprovar a reforma do ensino médio. O MEC também planeja mudanças no formato do Enem, tanto para cortar custos com a realização da prova como para adequar a prova ao previsto na nova estrutura do ensino médio. Com a ampliação, é prevista a participação de mais de 7,5 milhões de estudantes, segundo o Inep.
Desses, 2,4 milhões são alunos do 3º no do médio em unidades públicas e privadas. O restante, do ensino fundamental (fazem a avaliação alunos do 5º e 9º anos). Ainda não há informações sobre custos para uma aplicação censitária da Prova Brasil (avaliação federal que compõe o Ideb). Também não está certo como o governo vai convencer as escolas particulares a participarem do processo. Além do desempenho na prova, o índice leva em conta taxas de aprovação escolar. A avaliação é realizada a cada dois anos.
Fonte: Folha de São Paulo