Debates e atividades relacionadas às questões do lixo, reciclagem e reutilização ganham cada vez mais espaço dentro das escolas. Para a coordenadora pedagógica geral do Colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro (CSCM-RJ), Rosana Cattete, trata-se de um assunto de extrema importância, uma vez que hoje estão sendo formados jovens cidadãos que, num futuro bem próximo, serão os adultos responsáveis pela relação estabelecida entre a natureza, a utilização dos recursos naturais disponíveis e a sociedade. “É importante que desenvolvam, desde a infância, atitudes sustentáveis para tentarmos garantir a preservação do meio ambiente e, assim, buscarmos amenizar os efeitos negativos da ação do homem na natureza.”
Acreditando nessa concepção, o CSCM-RJ desenvolveu o projeto “Arte Sustentável” com os alunos do 2º ano Ensino Fundamental I. A professora de Artes, Gabriela Dias, explicou que o objetivo da atividade é mobilizar estudantes, devido à urgência da transmissão de valores que estejam em consenso com a ética ambiental. Os alunos tiveram a oportunidade de vivenciar essa experiência, por meio de produções criadas nas aulas de Artes Visuais, as quais foram inspiradas nas obras de Vick Muniz, Bernard Pras e Jane Perkins, artistas que vão além da estética e utilizam suas obras para transmitir mensagens de consciência e sustentabilidade, e no projeto de arte-educação realizado pela ONG Washed Ashore (http://washedashore.org/), que transforma lixo jogado no mar em obras de arte.
Eles produziram o painel “Peixe de Brinquedo” em homenagem à vida marinha, muito prejudicada principalmente pelos dejetos plásticos que são diariamente lançados ao mar. As crianças trouxeram de casa pequenos objetos que não são mais utilizados, como brinquedinhos velhos ou quebrados, tampas de caneta e carretéis. “Podemos observar, no decorrer da história, que sempre houve uma interação entre a arte e o universo que a cerca, refletindo costumes, valores, significados e ideais dos indivíduos de cada época. Sob esse prisma, a arte é uma atividade que procura explorar e refletir a realidade, e pode ser uma ferramenta para trabalharmos o conceito do desenvolvimento sustentável”, explicou a professora.
De acordo com Gabriela, o objetivo do trabalho é levar toda a comunidade educativa a repensar sobre reciclagem e meio ambiente. Para ela, as correlações entre arte e sustentabilidade constituem uma das tendências da sociedade contemporânea, o que demonstra haver conexão entre o espaço real e o artístico. “Através de projetos como este, colaboramos para a formação de cidadãos críticos e comprometidos com o desenvolvimento sustentável. Queremos mostrar que muitas coisas jogadas fora podem ser reaproveitadas e que o lixo pode, sim, ser transformado em lindas obras de arte”, disse.
Ainda com a perspectiva de “reciclar ideias e atitudes”, as turmas utilizaram aproximadamente 2 mil tampas de garrafa PET, além das próprias garrafas, que se transformam em flores, para compor os painéis Maria e O Rio de Janeiro continua lindo, alocados nas áreas externas do colégio. “Aprendi sobre os pontos turístico, como Cristo e Pão de Açúcar, e também que com sucata eu consigo fazer arte”, contou a aluna Letícia Thompson, muito orgulhosa pela criação feita em grupo.
Outras criações:
– “Reciclando o Planeta” é uma composição feita com sacolas plásticas. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o uso de plásticos pela sociedade é bastante impactante, pois a sacola plástica, item mais comum de descarte, prejudica tanto as cidades quanto a natureza. Cientes desses danos, os alunos desenvolveram técnicas para reaproveitar as sacolas plásticas e dar a elas um novo uso, transformando-as nesse criativo painel.
– Outra proposta desenvolvida foi a “Rainha do Carnaval”. Quando acaba a maior celebração da cultura brasileira, ficam os restos: fantasias, máscaras, adereços e outras tantas lembranças são deixadas para trás pelos foliões nas ruas e pelo público na Sapucaí. A produção esplendorosa dos carnavais também acaba gerando toneladas de lixo. A consciência ecológica no Carnaval ganhou a sala de aula e assim nasceu “A Rainha do Carnaval”, escultura que utiliza os dejetos da festa e comprova que o evento é ainda mais bonito se for econômico e sustentável. Essa escultura foi apresentada na Feira Literária do colégio, que homenageou o centenário do samba.