Grupo recebeu a medalha de prata na prova por equipe na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica
Para Allan dos Santos Costa, Daniel Mitsutani, Daniel Charles Heringer Gomes, Felipe Vieira Coimbra e Pedro Guimarães Martins observar as estrelas é muito mais que um ato de contemplação noturna. É uma forma de exercitar seus conhecimentos em astronomia. Os estudantes formaram o grupo que conquistou um título inédito para o Brasil: a medalha de prata na prova por equipe na 8ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA, sigla em inglês). A competição aconteceu entre 1º e 10 de agosto, na cidade de Suceava, na Romênia, e reuniu 208 estudantes, de 39 países.
A IOAA é dividida em atividades individuais e em grupo, que são contabilizadas separadamente. A primeira envolve provas práticas e teóricas de astronomia e astrofísica. Nas provas individuais, os brasileiros Allan Costa e Daniel Mitsutani ficaram com a medalha de bronze. Já Daniel Charles Heringer Gomes, Felipe Vieira Coimbra e Pedro Guimarães Martins ficaram com a menção honrosa.
Já a atividade em equipe combina teoria, observação e análise de dados. Na prova que rendeu medalha de prata para o Brasil, o grupo teve que calcular, em 90 minutos, a trajetória de dois mísseis que deveriam atingir um asteroide que estava em rota de colisão com a Terra. Os participantes só puderam utilizar réguas, massa de modelar e barbante na resolução da questão. A medalha de ouro na prova por equipe ficou com o Canadá, e a de bronze com a Lituânia.
Preparação
“Os alunos que vão para a Olimpíada Internacional são muito estudiosos, pois chega em um nível que não tem professor dentro da escola para ensinar sobre astronomia, daí tem que estudar por conta mesmo”, conta o astrônomo Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Ele e o astrônomo Eugênio Reis, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST/MCTI), foram os líderes da equipe brasileira na Romênia e os responsáveis por prepará-los para as provas da competição.
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Como a equipe era formada por estudantes de diversas partes do Brasil, houve apenas dois encontros presenciais com astrônomos e especialistas, na cidade de Passa Quatro, no sul de Minas Gerais. No restante do tempo, Eugênio e Gustavo sugeriam leituras para os estudantes. A programação foi dividida em grupos de estudos, oficinas de atividades e observação do céu noturno – com e sem instrumentos -, resolução de exercícios e realização de provas simuladas.
Os jovens contaram com um planetário digital móvel, cedido pelo MAST, para estudar o céu do hemisfério norte por meio de projeções e ainda aprenderam a montar e a manusear dois diferentes tipos de telescópios. Antes de embarcarem, os estudantes revisaram lições importantes sobre o céu do Hemisfério Norte no Planetário de Santo André, em São Paulo.
Todos os gastos com viagens e treinamentos dos alunos são pagos pela Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA).
Um estudante das exatas
A medalha de prata e a menção honrosa da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astrofísica de Felipe Vieira, 16 anos, vão se juntar às medalhas de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia de 2013 (categoria ensino médio) e na Olimpíada Brasileira de Física de 2012.
Como a astronomia não é uma disciplina única nas escolas, como matemática e português por exemplo, geralmente seus conteúdos são vistos em ciências e geografia. Mas o interesse de Felipe pelo assunto é devido à sua paixão pela física: “Não conhecia nada de astronomia, mas eu gosto de física e as duas estão ligadas”. O morador de Teresina, no Piauí, se inscreveu nas Olimpíadas Brasileiras pelo Instituto Dom Barreto. A partir de então, a rotina de estudos passou a ser intensa e as pesquisas aconteciam em apostilas e roteiros de estudos encontrados na internet. Contudo, Felipe destaca que o apoio da escola e dos familiares foi fundamental e quando descobriram que ele tinha sido selecionado para a equipe que iria representar o Brasil na Romênia a família fez uma festa.
Como está no segundo ano do ensino médio, Felipe ainda tem chance de participar do evento novamente e ele garante que vai tentar. Sobre o futuro profissional, ele admite que a experiência foi importante para ele perceber que se identifica com a área das exatas, mas ainda não está decidido sobre qual profissão irá seguir.
Como participar
Para estar na IOAA, o candidato precisa de uma excelente pontuação na prova nacional da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Em seguida, participar das provas seletivas realizadas online, na plataforma desenvolvida pelo Observatório Nacional (ON/MCTI) em parceria com o MAST. Os melhores classificados fazem, então, uma prova presencial que indicará a seleção final.
Fonte: TERRA